segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Identidade


“Conheces-te a ti mesmo”.
O silencio de nossos pensamentos conduzem-nos a uma reflexão sobre a existência humana. Sabemos, pois, que movidos por ações, transformamos reescrevemos e flexibilizamos o meio em que fazemos parte. Este meio reflete em nos respostas condizentes ás nossas expectativas, desejos e programas. Um ciclo vital e harmonioso nos capacita a enfocar em tamanha proporção nossos feitos no mundo. Estar atento ás propostas incumbidas pelas vidas, caracterizar factos, entoar respostas e acrescentar valores, nos torna mais atuantes, concretos e possibilitadores.
A pergunta é: Conhece-te a ti mesmo? O mundo está em plena actividade com suas ascensões e declínios que nos deixa por vezes, confusos em meio a tantos saberes e deveres pessoais e constitucionais. São regras, paradigmas, sugestões (...). Somos parte integrante deste “louco” processo e cada ação tomada, coloca-nos a par ou par a parte de tudo que inserimos em nossa vida. E como anda nosso mundo interior, nossa base estrutural e formadora de nosso “in”? Estamos tão voltados para o exterior com suas mirabolantes transformações que acabamos por esquecer de nós, de nosso “eu” e, perdemos ai, nossa identidade.
Quem sou eu? Qual o meu papel nesta sociedade? Que contribuição posso gerar sendo atuante e participante Quais são os meus limites... O que me limita?
Como posso ir mais além dos meus limites sem perder meu foco de origem? Responder estas questões é se felicitar com as respostas é sinal de completo e reciprocidade entre o “eu” significativo e o mundo tão imprevisível. Responder estas questões é mostrar capacitado e externo. Representa estar atuante. Conhecermo-nos facilita o convívio, habilita a prática social, condiciona á interlocução, acresce significados, valoriza-se a vida plenamente. Nossa identidade é nossa parcela de contribuição para melhor ia do mundo ao qual fazemos parte.
Identifique-se.
Escrito por: Ronaldo J. Mariano
Educador Físico, Especialista em Psicomotricidade pela (IAVM)

Escravos da Aparência


Recentemente li na revista Isto, uma entrevista ao médico psiquiatra Roberto Shinyashiki, intitulado “Heróis de verdade”, o escritor combate a supervalorização das aparências. À medida que ia lendo a entrevista, as palavras do escritor e alguns aspectos da minha vida eram tudo menos coincidência, parecia que ele falava de mim, a cada frase dele o coração apertava tanto que a um determinado altura dei uma pausa, não vai o Diabo “tecê-las” e num instante “Puf” e lá vou eu certificar-me da existência ou não do Onipresente(Risos). Quando questionado sobre a existência de heróis, ou melhor, se eles são de verdade? O escritor responde: “Nossa sociedade ensina que para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter um carro importado, e viagens de primeira classe... Isso é uma loucura” conclui.

As suas palavras pertinentes levam o meu celebro a levantar questões.
Quem sou eu? Quais eram os meus sonhos de infância... Quem eram os meus heróis? Onde e quem são as minhas raízes? O mundo transformou-se num “Ring” de vale tudo, o ser humano sofreu uma metamorfose, somos um modelo estereotipado, onde quem não se adapta ou quer fazer parte desse modelo é considerado fracassado, uma espécie aparte, seres destinados à quarentena pelo simples facto de ter estampado na cara o F de Fracassado. Perante a tal realidade, não seria de todo impossível eu afirmar que não me reconheço, para uns talvez sim, para outros, pura demagogia. Para dissipar as duvidas proponho exercício de recuar no tempo.

Eu vou voltar no tempo, para minha infância, fecho os olhos e volto para minha amada Bissau, ao meu berço, num pescar de olhos, estou no meu antigo infantario “Jardim Teresa Badinca” as caras... Os colegas, os professores, os funcionários, as salas, e claro o espaço mais importante, o “palco” de todas as brincadeiras o pátio. Uma leve brisa acarinha a minha cara, como se de um bem-vindo a casa se trata, Sim... Estou de volta ao lugar onde tudo tem e faz sentido, onde a hora não passa, e tudo é permitido, não estou como a Alise no país das maravilhas, estou num mundo onde às “pessoas não são tratadas como fracassadas, porque não conseguem ter carros, nem casas esplendorosas” este mundo esta lotada de pessoas simples e transparentes”.

Nesta dimensão paralela a minha realidade de adulto, “Heróis de verdade” são pessoas que trabalham para realizar seus projectos de vida, todos os sonhos são possíveis, o equilíbrio existente permite que pessoas entendam que é natural e necessário pedir desculpas, e admitirem os erros. Aqui as pessoas não têm medo, e nem a vergonha das suas raízes, posso dizer que os meus heróis são e serão sempre Imbarri e Domingas, para sempre os melhores pais, neste ou em qualquer mundo, ele começou como motorista, ela era enfermeira, tenho orgulho do bairro de Santa Luzia que me viu nascer, crescer, onde era o “terror” da vizinhança, que perdoava minhas “travessuras”, rindo-se delas, mas mais importante fazendo com que eu me sentisse em família em todas as casas. As brincadeiras com meus amigos de infância, os jogos de futebol, as casinhas de areia, e os inesquecíveis banhos a chuva, momento de puro deleite, uma sensação única que todas as crianças deveriam ter o prazer experimentar.

Éramos crianças com uns belos sorrisos, os meus sonhos de crianças estão tão frescos que os posso “sentir” seu cheiro, sonhos de aventuras, de magia, típicas de “almas despreocupadas” com tempo e espaço. De volta ao mundo de adulto, me pergunto, se o resultado dessa viagem foi benéfico? Sim foi! Primeiramente porque me lembrei de pessoas, lugares e coisas que eu julgava esquecidas, depois porque resgatei os ensinamentos e a humildade com que me foram transmitidas pelos meus pais, entendi que é natural ter medo e insegurança quando se trata de fazer escolhas, tomar decisões, porque nem sempre irei acertar, mas há que ter humildade de reconhecer esse facto, porque é necessário ter presente que nesta vida não iremos conquistar tudo que desejamos, porque tudo o resto são apostas e possíveis erros. A vida gira a volta do que realmente desejamos, então não há necessidade de viver um conto perfeito, nem se submeter a “ditadura de aparências”.

A esperança e o pessimismo são dois lados da mesma moeda, por isso temos que decidir pela esperança sempre, e seguir em frente pode não parecer, mas somos-nos que decidimos, por isso é importante viver de acordo com a nossa própria expectativa, e não em função de terceiros. Mentalize-se que nem sempre ser perfeito e viver de aparências é o mais importante. O que vai ter mais impacto no final do dia é o facto de você saber ou não quem és tu, de onde vens, porque se souberes, as portas do teu destino abrissem-a naturalmente.

E o homem sentou sozinho.
Numa tristeza profunda
E todos os animais se aproximaram e disseram
“Não gostamos de ver você tão triste...” Peça-nos o que quiser e você terá”.
O homem disse “Quero ter uma boa visão”.O Abutre respondeu: “Terá a minha.”
O homem disse: “Quero ser forte”.
A onça disse: “Vai ser forte como eu”. Então o homem disse: “Quero saber os segredos da terra”. A Serpente respondeu: “Vou revelá-los a você”.
E assim foi com todos os animais, e quando o homem tinha tudo que eles podiam dar... Ele partiu. Então a Coruja disse aos outros animais: “Agora que o homem sabe muito e pode fazer muitas coisas... De repente, tenho medo”.
A Corça disse: “O homem tem tudo o que precisa... Agora sua tristeza vai acabar”.
Mas a Coruja respondeu: “Não... Eu vi vazio no homem... Grande como uma fome que ele nunca vai saciar...”. “É isso que o deixa triste e isso que o faz querer mais”.
“Ele vai pegando e pagando... Até um dia em que o Mundo dirá”; Não mais existo e nada mais tenho para dar ““.

A verdade da mentira





Varias vezes já perguntaram “Malam acreditas em tudo que ouves e lês”? A minha resposta é quase sempre a mesma, ”Cada cabeça sua sentença” vejam o meu caso, por exemplo, não sou muito crente no “todo poderoso”. Desde já o meu mais sincero pedido de desculpas a todos os crentes, alias, eu tenho uma inveja saudável de todos vos pela vossa crença. Ando revoltado com o mundo actual, não tenho paciência, e nem vejo graça em nada, estou um critico feroz, as minhas criticas têm sido de uma acidez cortante. Não agüento mais este estado de “UTOPIA” generalizado em que mergulhamos, não estou com “Gamas” de aturar a passividade com que encaramos as coisas, falta à auto estima as pessoas.

Estou melancólico, rancoroso e decepcionado, contudo ainda e sempre apaixonado pela humanidade, talvez esta seja uma fase nostologica de tortura pessoal. Se acaso vos pareço deprimido, desenganem-se, estou muito bem, as minhas emoções estão bem e recomendam-se. Tanta cólera, só pode ter sido provocada por algum acontecimento ou por alguém, perguntãoseão? Nem mais, foi provocada sim! A minha indignação foi provocada por uma reportagem da revista semanal Brasileira de nome Veja que na sua edição de 3 de Outubro destacou a vida do virtuoso comandante Argentino Ernesto Che Guevara.

É preocupante como todos nos sem excepção, acreditamos em tudo que lemos ouvimos. Achar que tudo que é publicado, noticiado, é verdadeiro e que nunca há segundas intenções... “Quem cala, consente” e as conseqüências dessas ingenuidades são serias. Como escreve acima, a tal edição da revista Veja tem como tema central, uma investigação sobre a vida do Ernesto Che Guevara, o revolucionário Argentino\Cubano, tido com uma lenda a mais de 40 anos, um mito para além da morte. Confesso que quando vi a capa da revista entre muitas outras, também elas com capas atrativas (mulheres bonitas, carros e dentre muitas coisas) a opção por Che foi instantânea. Pensei; “maravilha vou saber mais informações sobre este homem, seus idéias, conquistas, pensamentos, e sua motivação”.

As minhas mãos pareciam um propulsor a jacto tal a velocidade para pegar a revista que tanto me interessava, mas ao segurar nela, a tristeza “tomou” conta dos meus olhos ao ler o titulo da reportagem, sobre a fotografia intemporal que eternizou a imagem jovial do homem, e criou a lenda, se o titulo só por si atacava a memória que todos tinham sobre o Che imaginem o desenvolvimento da reportagem. Ninguém é santo, porque todos aqueles que o consideramos santos, se encontram em altares, e depois até se provar o contrario todos são inocentes, essa é uma condição a qual todos os seres humanos têm direito. Não sei em que se basearam os autores dessa reportagem, ignoro as fontes, os dados, as pesquisas, com qual argumentam suas teorias sobre o mítico revolucionário.

Do nada, a reportagem de quatro paginas reduzia as cinzas a imagem que todos têm do “El Comandante” a iniciar a leitura, a indignação e a revolta tomam tonta de mim, “malditos jornalistas... Por quem, se tomam estes canalhas?” a leitura foi uma sessão de tortura, de súbito o Ernesto Che Guevara havia passado de um herói corajoso com idéias humanista, a um bárbaro sanguinário covarde, por outras palavras um sujeito asqueroso, que até se descuidava da sua higiene pessoal. Não vou mais descrever a leitura, pelo simples facto que não quero “induzir” ninguém a nada, até porque não tenho essa capacidade! Melhor é cada um tirar suas próprias ilações. Mas pergunto, que o que justifica esse “ataque” a dignidade de um morto? A busca pela informação valida tudo? Tudo é permitido na ânsia de saciar a curiosidade sobre a vida alheia? Ninguém parece quer entender que onde acaba a minha liberdade, começa do meu semelhante?

Lamentavelmente, muitos acabam por se esquecer disso na fase adulta, e vivem confusos e enganados porque não sabem mais o que é verdadeiro ou mentira.
As editoras apenas estão interessadas em vender, quanto maior for o lucro melhor, porem esta situação não aconteceria se do outro lado da moeda essa situação não fosse permitida, sobretudo desejada pelo os leitores. É a chamada “Era da Informação”, poucos são os profissionais que têm a preocupação de separar o joio do trigo, os efeitos dessa falta de critério de seleção, tem sido e continuara ser nevasta a nossa cultura e sociedade, em especial as crianças, a maior preocupação é com elas, já que os estudos revelam que “ Crianças até 3 anos são de facto ingênuos, acreditam em tudo que vêm!

Cabe aos pais, irmãos, tios, avos, em fim uma força tarefa chamada família a atenção, com tanto lixo e “ruído” sem menor importância, que nos são transmitidos diariamente na televisão, nos rádios, pelas revistas, jornais, pela internet através de blogs, chats, e podcast. A vigilância é necessária porque qualquer idiota pode ouvir, ou ler alguma coisa, sem entender o seu contexto e repassar, sem a preocupação de saber se a informação que ele entende “ser” importante, é ou não credível, para além dos “idiotas” há também os profissionais que deliberadamente mentem. Infelizmente essa também é uma realidade vivida nas escolas, universidades, as “ditas” renomadas instituições não têm mais a preocupação de ensinar, o que lhes importa, é “programar” o nosso celebro, com dogmas, teorias e correntes políticas que mais lhes convém, pura e simplesmente.

“Como a esperança é a ultima que “perece” ainda existem mestres e professores catedráticos que são e têm servido de filtros para nos proteger de” cultura de crenças, religiões oportunistas e espertos pregadores de mentiras. Todos nos precisamos estar atentos em relação a tudo o que ouvimos, lemos e tudo que encontramos pela frente na internet, mas em ultima analise cabe a cada leitor tentar descobrir, que é bom e mau!

“Tenho tanta autoridade quanto o Papa, só não tem muita gente que acredite nisso”.